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 PSF VIDA E SAÚDE

HIPERTENSÃO

O que é hipertensão


Também chamada de pressão alta, a doença corresponde à elevação da pressão arterial para números acima dos valores considerados normais. Conheça um pouco mais sobre esse mal que ameaça sua saúde em silêncio

 

Se há uma doença cujo diagnóstico é fácil e o tratamento não depende de grandes tecnologias, mas apenas do envolvimento e compromisso de médicos e pacientes, ela se chama hipertensão. Apesar disso, a dificuldade de tratamento exerce grande impacto nos índices de mortalidade e incapacidade. Como não apresenta sintomas na maioria dos casos, muitas vezes só vem à tona quando um grave problema de saúde cardiovascular ou cerebral identifica na pressão arterial elevada o maior responsável pelo quadro agudo. É por essa discrição característica que os médicos recomendam a medição a cada seis meses para as pessoas com histórico familiar da doença. Para os demais, uma vez ao ano.

Mas, afinal, o que significa esse mal? Para começar, vamos entender o básico: o coração bombeia o sangue para os demais órgãos do corpo por meio de vasos de maior calibre chamados artérias. Quando o sangue é bombeado, ele é 'empurrado' contra a parede dos vasos sangüíneos. A tensão gerada na parede das artérias é denominada pressão arterial. Essa pressão está sujeita a uma série de variações: fatores de estresse físico e mental (tecnicamente chamados neurohumorais), comportamentais e ambientais.

Entenda as medidas

A hipertensão arterial ou pressão alta é a elevação da pressão arterial para números acima dos valores considerados normais (maior ou igual a 140/90 mmHg). Estes índices podem causar lesões em diferentes órgãos como cérebro, coração, rins e olhos.

Quando a pressão arterial é medida, dois números são registrados. O maior, chamado pressão arterial sistólica, é a pressão do sangue nos vasos, quando o coração se contrai para impulsionar o sangue para o resto do corpo. O menor, chamado pressão diastólica, é a pressão do sangue nos vasos quando o coração encontra-se na fase de relaxamento (diástole).

O sinal vermelho dispara depois que o esfigmomanômetro(aparelho específico utilizado em consultas rotineiras) registra uma pressão igual ou acima da máxima recomendada pela Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH), ou seja, 140 mmHg (milímetros de mercúrio) por 90 mmHg - ou 14 por 9 na linguagem comum. Nessa hora, a dificuldade dos médicos é convencer o paciente de que irá precisar de tratamento. "A hipertensão não é considerada assassina silenciosa à toa. Ela é assintomática e a maioria das pessoas demora de 10 a 15 anos para descobri-la. Sinais de tontura e dor de cabeça relatados pelos pacientes ocorrem quando a doença já está instalada há tempos", explica o médico Artur Beltrame, da SBH

A Síndrome Metabólica

O que torna a pressão alta tão perigosa é a dificuldade em se reconhecer sua causa, principalmente porque mais de um fator pode estar envolvido no mau funcionamento do sistema de irrigação sangüínea. Segundo Décio Mion, do Hospital das Clínicas de São Paulo, em mais de 90% dos casos, o distúrbio está relacionado de uma só vez à herança genética, má alimentação (abuso de sal e gordura), consumo excessivo de álcool, tabagismo e peso extra. Por isso se manifesta geralmente na fase adulta e, dependendo do grau de elevação e do empenho do doente para ter uma saúde mais equilibrada, pode regredir com adoção de melhores hábitos.

1 - CÉREBRO
A hipertensão costuma causar dois tipos de acidentes vascular cerebral (AVC), mais conhecido como derrame: o isquêmico, quando a pressão elevada favorece o entupimento de algum vaso e impede a irrigação do sangue no local; e o hemorrágico, se há rompimento de artérias, sangramento e formação de coágulos. Ambos podem provocar a morte ou seqüelas irreversíveis, como a paralisia de um lado do corpo e a dificuldade na fala. Também favorece o aparecimento de um tipo de demência provocada pela destruição gradual do tecido do cérebro, causada por uma seqüência de pequenos AVCs, menos graves que o isquêmico e o hemorrágico.

2 - OLHOS 
As artérias que irrigam a retina (camada mais interna do olho, responsável pela visão) são muito finas e delicadas. Elas podem romper e levar à cegueira

3 - CORAÇÃO 
O mesmo mecanismo tende a lesar o órgão mais importante do corpo. Se um dos seus vasos fica comprometido, é provável que ocorra a angina (dor no peito, provocada pela falta de irrigação) e, conseqüentemente, o infarto. Além disso, com o tempo, é possível ocorrer uma insuficiência cardíaca: para vencer uma resistência maior das artérias, por conta do aumento da pressão, o coração precisa bater mais forte. Como se trata de um músculo, ele pode inchar aos poucos até chegar a um momento em que não conseguirá bombear sangue suficiente para suprir o seu tamanho. Então, entra em falência..

4 - RINS
Eles tanto tendem a provocar a hipertensão quanto sofrer com a doença. Isso porque fabricam hormônios (renina e angiotensina) responsáveis pela regulação da pressão arterial. A renina - em grande quantidade no organismo de hipertensos - estimula a produção de angiotensina que, por sua vez, facilita o estreitamento das artérias. Por outro lado, uma vez que a pressão está elevada, os rins ficam sem matéria-prima (sangue) para trabalhar e vão atrofiando, num processo chamado de nefroesclerose. Se chegar à insuficiência renal, o único recurso será a hemodiálise e o transplante

5 - PÊNIS 
O órgão pode ficar sem irrigação sangüínea. Como a ereção depende dela para ocorrer, a pressão alta pode levar à impotência sexual.

6 - PERNAS 
Como não chega sangue suficiente aos músculos, eles ficam sem oxigênio. Isso provoca dor ao andar ou fazer exercício.


 

Há um motivo a mais para os médicos pregarem a qualidade de vida. É que hábitos de vida pouco saudáveis podem levar à síndrome metabólica - a estreita e mortal relação que existe entre obesidade, diabetes tipo 2 e hipertensão arterial. "Uma enfermidade pode levar à outra, e juntas dobram os riscos do paciente sofrer derrame, infarto ou insuficiência renal. É essa mistura perigosa que está matando a humanidade", afirma o médico Artur Beltrame.

São várias as causas

Não se sabe exatamente como, mas fatores genéticos que atuam nos rins ou no cérebro ou mecanismos que regulam a pressão arterial provocam o estreitamento dos vasos. O mecanismo é destrinchado pelo professor livre- docente da USP, Décio Mion: "Para ajudar a entender esse processo, costumo comparar o coração e os vasos sangüíneos a uma torneira ligada a vários esguichos. Se fecharmos a ponta dos esguichos, a pressão subirá dentro das mangueiras. No corpo humano acontece mais ou menos a mesma coisa: as arteríolas se fecham e a pressão arterial se eleva. Diversos são os mecanismos que podem explicar por que elas se fecham. A causa pode ser nervosa ou neural - as arteríolas possuem enervação e recebem impulsos elétricos que fecham o vaso. Pode também ser hormonal - os hormônios, como a angiotensina e a vasopressina, entre outros, provocam o fechamento dos vasos."

O ganho de peso interfere em diversos mecanismos. Um dos mais importantes é o sistema nervoso simpático que, entre outras funções, controla a dilatação e a constrição dos vasos. Existem fatores da obesidade que estimulam esse sistema, fazendo com que os vasos se fechem mais e os rins retenham mais água. Vasos mais estreitos e sobrepeso são razões que favorecem a elevação da pressão arterial. Sob coordenação do sistema nervoso simpático, que libera os hormônios e desencadeia a reação orgânica ao estresse, as artérias se contraem e o sangue é dirigido para os músculos porque a pessoa precisa ter reações rápidas. Todos os fatores de risco agem diretamente sobre essa estrutura, também chamada de visceral por localizarse entre os tecidos, em um complexo sistema de ramificações nervosas.

O CORAÇÃO BOMBEIA SANGUE PARA OS DEMAIS ÓRGÃOS POR MEIO DAS ARTÉRIAS. ESSA TENSÃO GERADA NELAS É DENOMINADA PRESSÃO ARTERIAL

Efeito do avental branco

Um tópico hoje muito estudado é a possibilidade de ocorrerem alterações na pressão até mesmo em pessoas chamadas normotensas (que têm a pressão em níveis normais) quando têm sua pressão medida em consultório ou hospital. Vários estudos já comprovaram, após o início da Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA), o aumento exagerado da pressão durante a medição médica. O fenômeno foi chamado de white coat ou 'efeito do avental branco'. "As estimativas internacionais são de que 20% dos pacientes medidos vão apresentar essa hipertensão. Os estudos também demonstram que a elevação é maior quando o médico mede e menor se for a enfermeira", afirma Mauricio Wajngarten, do Incor.

Verificar a pressão de modo que o estado emocional interfira o mínimo no resultado é possível por intermédio da MAPA, que permite registrar as pressões durante um dia inteiro de atividades. "É um método ainda em evolução, mas os benefícios já são evidentes. Para efeito de diagnóstico e prognóstico do quadro do paciente é o mais indicado", afirma Fernando Nobre, coordenador da Unidade Clínica de Hipertensão da Divisão de Cardiologia do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (SP). Uma das dificuldades para incorporar a MAPA à prática clínica é o custo dos equipamentos automáticos para a medição 24 horas.

Na edição de maio da prestigiada revista Hypertension, um artigo assinado pelo especialista italiano Giuseppe Mancia e outros autores conclui que a hipertensão do avental branco não constitui um dado aleatório unicamente vinculado ao estresse do momento, mas sugere efetivamente um prognóstico de hipertensão comparável àquela medida no trabalho ou na residência dos pacientes. "Os autores mostram que nas três situações a pressão alta implica risco cardiovascular", esclarece Robson Santos.

Outra solução destinada a aumentar a precisão foi desenvolvida por técnicos ligados à Unidade de Hipertensão do Hospital das Clínicas, a partir de um projeto criado pelo médico Décio Mion. Chamada de detector de hipertensos, a cadeira permite que o antebraço fique na altura do mamilo, posição preconizada para obter a melhor medida - a compressão é realizada por um aparelho validado. O artefato, já patenteado, está disponível em alguns hospitais da rede pública de São Paulo.

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